sexta-feira, 17 de junho de 2011

Da teoria à prática: desafios da ação docente

As atividades de estágio tiverem início no dia 09 de maio de 2011, conheci a turma superficialmente durante o período de observação, no entanto foi com o convívio que pude perceber as peculiaridades da sala de aula, de certa forma posso dizer que foi uma relação de amor e desamor ao mesmo tempo. Mesmo já tendo lecionado como regente de turma por duas vezes nada se compara ao momento de estágio, é como se essa realidade vivenciada nesses vinte dias fizesse cair por terra tudo que acreditava conhecer e saber sobre uma sala de aula! Como afirma Zabala ao mencionar os dilemas que circundam o fazer docente; “[...] os dilemas fazem parte da vida cotidiana nas salas de aula e transforma se em desafio para a profissão. Contudo, [...] pode constituir-se espaço de aprendizagem profissional”. Zabala (2003, p.02). Foram esses momentos de dúvida, desconforto e incertezas que nos levou posteriormente a questionar e a pesquisar quais seriam os mecanismos que iríamos usar para enfrentar as dificuldades vindouras.  A primeira sensação que tive ao entrar em contato com a sala foi de desconhecimento quanto ao gerenciamento de uma turma, tive essa impressão ao perceber que a presença da professora regente me fez temer e me sentir totalmente despreparada para atuar assim pensei: “se ela não sai da sala não vou conseguir iniciar a aula”, mas logo ela saiu e damos início a aula. Creio que tive receio em começar a aula com a professora na sala por vê-la naquele momento como avaliadora da minha ação docente, por isso permaneci por um momento sem reação alguma só observando a sala atônita sem saber o que fazer nem por onde começar.
Mesmo já tendo lecionado o estágio foi uma experiência impar, diferenciada, talvez por encará-lo como um momento de unir teoria e prática no qual pude vivenciar o quanto a prática pedagógica é um processo histórico e intencional em que a escola – mais especificamente a sala de aula – objeto de nosso estudo, não pode ser analisada por si mesma, restrita ao seu cotidiano, senão como parte de uma estrutura da social que por sua vez é determinada pelas condições históricas, sociais e culturais. Durante o estágio tivemos a oportunidade de vivenciar a escola como espaço dinâmico e produtor de situações sociais e culturais ao mesmo tempo em que se apresenta como conjuntura que sofre influencia da sociedade – meio social – que está inserida.  Em meio a esse emaranhado as vezes um tanto confuso as leituras foram fundamentais pra arquitetar as decisões a serem tomadas o que foi muito rico, por ser um prenuncio do que é ser professor. Dessa foram me encontrei na fala de Fontana e Pinto in Pimentel (2004, p.116), que propõem que o enfoque do estágio seja o reconhecimento do aluno-professor da sua própria presença e seu papel no local de estágio. Assim consideram o período de estágio ainda que transitório, um excelente exercício de participação, conquista e negociação.
Como é abordado por Pimentel (2004) o estágio precisa ser um momento em que os fundamentos práticos e teóricos precisam estar juntos em constante diálogo, no intuito de descobrir caminhos, de superar os obstáculos e construir um jeito de caminhar com vistas a favorecer o aluno melhorando sua aprendizagem. E esse momento de vivência na escola constitui-se como elemento revelador da realidade, ou seja, é esse convívio que traz à tona questões que nos levam a refletir e analisar os problemas e suas causas. E é esse olhar curioso que o estágio nos proporciona constitui-se como mola propulsora no processo de pesquisa, de forma que lancemos indagações a cerca da realidade hora vivenciada para assim construirmos conhecimento nesse movimento entre teoria e prática.
O que é bem interessante, pois por alguns instantes cheguei a pensar que muitas das teorias estudadas era engodo, pois parecia que nenhuma teoria daria conta daquele mosaico chamado de “sala de aula”, esse sentimento de impotência veio fortemente quando os alunos gritavam descontroladamente sem motivo algum e nada os faziam para, foi quando me desesperei e senti vontade de ir embora e esquecer todas as teorias até então estudas, embora não tenha sido a única teoria aplicada durante nossa permanência em sala a teoria esquineriana, em alguns momentos pareceu ser a mais adequada. De linha behaviorista a teoria comportamentalista formulada por Skinner sugere algumas formas de controle para o processo de aprendizagem através de adequação das contingências do reforçamento (estímulos) as situações arranjadas são situações na qual o intuito é o de possibilitar ou aumentar a ocorrência de uma resposta a ser aprendida/condicionada. Mais uma vez recorrendo as discussões travadas em sala de durante os encontros percebo o quanto é importante levar em conta as categorias de analise de Gauthier que evoca a questão do planejamento para gerir a sala de aula, momento este que o professor decide quais medidas serão adotadas, quais regras e procedimentos são mais adequados, em suma o professor de acordo com Gauthier carece elencar um conjunto de regras e condições que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem. E foi essa teoria que se ajustou perfeitamente nos momentos de euforia do alunado. Incrível! Ou se comportam ou ficam sem recreio, soava como um antídoto de efeito imediato. Essa foi apenas uma mostra de que é um equivoco pensar que podemos nos posicionar ante a uma teoria e dizer que esta ou aquela é a que será aplicada em uma sala de aula, pois ao longo do processo ensino-aprendizagem as mudanças são constantes, inevitáveis e imprevisíveis. Daí decorre a necessidade de estar constantemente re-significando a ação docente, e o é estágio proporciona esses momentos de reflexão a cerca do fazer pedagógico e da ação docente, pois quando o percebi como campo de atuação é não de experimentos (teorias) pré-elaborados, ficou mais simples atuar como estudante-professor. Como afirma Freire ao mencionar a necessidade de se fazer (aplicar) uma prática pensada, assim “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria /Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática, ativismo” (Freire, 1996, p.12). Desse modo quando lançamos mão das teorias outrora estudadas na universidade, teremos clareza que elas são como lupas que nos ajudarão a enxergar a realidade hora vivenciada, para então atuarmos e intervirmos de forma consciente e eficaz.
O que me fez concluir que o cerne do estágio supervisionado é o diálogo entre a teoria e a prática, o que deve ocorrer de forma dinâmica e flexível, uma vez que aquelas são frutos de um momento é de um contexto específico. Realmente não acredito que exista uma teoria que possa dar conta por si só da heterogeneidade que está presente em uma sala de aula, pois são historias de vida que mesmo fazendo parte de um mesmo contexto social e cultural, são diferentes. Cabendo a nos estudantes-professores um olhar apurado e um cuidado especial com cada aluno, respeitando assim seu ritmo de aprendizado, seu tempo!
Outra dificuldade que deparei durante o estágio foi o sentimento de impotência perante a sala creio que isso ocorreu por vê-la como algo emprestado onde tudo que fizesse soaria como efêmero, não por me senti despreparada ou mesmo incapaz, acredito que tal sentimento me adveio por saber que a sala pertencia a outrem, que eu estava ali por apenas por um curto período de tempo, sentia como se tudo que estava desenvolvendo naquele momento eram experimentos que poderiam ser bem sucedido ou não a depender do olhar da supervisora do estágio.
Durante esse tempo de aprendizado me deparei com situações um tanto inusitadas e difíceis de lidar, e um delas que chamou minha atenção e também me chocou foi a condição de uma criança especial da sala. O pouco que conheço de Educação Especial foi o suficiente para perceber o descaso que essas crianças são tratadas, não por serem mal cuidadas, mas, sim por não serem estimuladas devidamente, ou seja, a tão difundida inclusão soa como um engodo uma vez que essas crianças apenas são integradas ao sistema de ensino, mas, não incluídas. Uma questão que precisa ser discutida e aprofundada para que medidas cabíveis e coerentes sejam tomadas a cerca do ensino-aprendizagem dessas crianças.
Passado esse sentimento, posso afirmar que é muito gratificante poder gerir uma sala quando você ouve comentários do tipo: ”Nossa! Eles estão aprendendo mesmo” demonstrando assim o quanto a turma te avançado no desenvolvimento cognitivo ou ainda aqueles que exortam a conduta da turma “quem diria que esses meninos iam se comportar desse jeito”, o que repercutiu em mim de certa forma, como reconhecimento de nosso esforço e empenho; e nesse momento pude perceber o quanto o estágio verdadeiramente é um momento de semear, mas, sobretudo de adquirir conhecimento.  Até chegar a essa conclusão de que o estágio é um momento riquíssimo para formação docente precisei refletir muito para me convencer de tal prerrogativa, pois o considerava apenas como mais um disciplina a ser cumprida, no entanto, foram os momentos de reflexão dentro e fora do campo de estágio que de forma direta ecoou como um facilitador para aquisição de novas percepções, práticas e, por conseguinte trouxe conhecimento e aperfeiçoamento à minha prática pedagógica. Desse modo é valido salientar também o quanto os encontros (aulas na universidade) foram de fundamental importância para construção e aperfeiçoamento de saberes necessários à nossa formação como docente, como afirma (Arroyo 2009, p.94); a cerca da reflexão, “implica reconstrução e reorganização da experiência, o que permite a alteração do significado da própria experiência e o aumento da habilidade da pessoa em dirigir o curso das experiências subsequentes.”
É valido salientar ainda os encontros que tivemos antes e durante o estágio como reforçador e mobilizador
De tal maneira pude reconhecer na disciplina e durante o estágio um espaço interativo de revisão do fazer pedagógico de caráter prático, de trabalho interdisciplinar e de enriquecimento profissional, somando-se a estes fatores, a formação a consciência política e social necessária à compreensão de refletir para construção de um fazer pedagógico coeso com a realidade do aluno, além de contribuir para compreensão e demandas da profissão docente.
Com esta característica, o estágio se apropria de dimensões capazes de instrumentalizar e direcionar atitudes formadoras que nos leva ao confronto direto com paradigmas que muitas vezes já estão instaurados na escola, assim esse é um período no qual somos convidados e estimulados à observação das atuações dos variados segmentos que compõe a escola, à percepção crítica do cotidiano da escola e à análise do real papel que a mesma exerce na vida dos alunos e também da comunidade. Assim tenho o estágio como espaço favorece a releitura e interação do fazer pedagógico, apresentando ao estudante-professor a realidade do sistema educacional, com seus nuances e demandas que exige do estagiário uma dose de bom senso e perspicácia para articular teoria e a prática e agir de acordo às necessidades que lhes são impostas a todo o momento, algo imprescindível para formação do futuro educador.

sexta-feira, 4 de março de 2011

          
      
ESTEBAN, Maria e Tereza e ZACCUR, Edwiges (orgs.). Professora-pesquisadora: uma práxis em construção. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2002.
                                                 
De acordo com Maria Tereza Estaban e Edwiges Zaccur, a pesquisa por muito tempo foi tida como uma exclusiva do espaço acadêmico, pois nesse espaço é que ocorria a fundamentação teórica e metodológica da pesquisa. Daí decorre a seguinte indagação: como um professor da educação básica pode ser inserido no universo da pesquisa, não como objeto de pesquisa, mas como pesquisador? Esse artigo gira em torno desse e de outros questionamentos que dizem respeito ao valor da pesquisa na ação docente.
Os autores afirmam que, embora haja credibilidade nas pesquisas realizadas pelos pesquisadores brasileiros, poucas mudanças são vislumbradas no interior das escolas. Muitas são as pesquisas que trazem à tona as mazelas da educação como o analfabetismo e a exclusão, o que também tem sua importância no cenário educacional, o que não é cabível segundo eles diz respeito ao “fogo cruzado” existente entre o governo e as universidades, para aquele as universidades são inoperantes – o que não é cabível uma vez que são as pesquisas realizadas por essas instituições que são usadas como referencial em documentos das secretarias municipais e estaduais –, enquanto que para estes criticam as políticas educacionais de cunho populista implementadas pelo governo.
Indagações referentes ao professor da educação básica são levantadas, questões referentes à sua posição ante a pesquisa com o intuito de levá-lo a refletir quanto a necessidade de deixar de ser apenas consumidor de conhecimentos prontos, mas de aprender a fazer seus próprios mecanismos de conhecimento. A pesquisa no espaço escolar como é abordado, não é estranho ou mesmo desconhecida a sua importância, o entrave está na não revitalização da prática do professor que se fecha ao novo, dando continuidade às suas velhas práticas. Mas existem aqueles que se inquietam e buscam combinar as novas informações dando-lhe sentido, recriando-a de modo a adequá-la a sua vivência cotidiana.
O fazer e o pensar são considerados como ações dicotômicas na concepção trabalhista e na hierarquização, em que uns pensam e outros executam. Desse modo na escola quem teoriza precisa ter o cuidado para não se abstrair da realidade da escola e causar um tumulto na realidade já elaborada. O que aspira cuidados, pois em meio a tantas novidades pedagógicas, terias são descartadas e invalidadas a todo o momento. Como agir dessa maneira é um equivoco, é proposta se discutir essa questão por outro prisma, a do questionamento. Assim a é pesquisa pode começar a partir de um “questionamento, de uma pergunta de uma ideia fixa”. Ao partir desse ponto o aprofundamento teórico é imprescindível, para que as respostas entradas tenham sentido, e que novos questionamentos surjam.
Levando em consideração o que chamou de fazer pensado, o professor passa de um simples executor a das ideias de outrem, a construtor e executor do conhecimento e saberes que construiu por meio das indagações feita para conhecer a realidade que o rodeia. Assim, o professor se faz pesquisador quando reflete sobre a sua prática, questionando-a através das respostas obtidas, em busca de romper com o senso comum. E é nesse devir que vai se formando o professor-pesquisador em um constante fazer e refletir.
De acordo com os autores, a proposição de se formar professor-pesquisador no curso de pedagogia pode gerar estranheza, por conta da fissura entre teoria e prática, entre pensar e fazer, o que esta erroneamente atrelada à aplicação inicialmente das metodologias teóricas. E essa separação ocorre não só no espaço acadêmico, mas também no ensino médio. Assim são introduzidas inicialmente as disciplinas teóricas, o que prejudica o estudante por serem descontextualizadas do processo ensino-aprendizagem, as práticas pedagógicas, das relações e do contexto social num contexto mais amplo. Posteriormente são oferecidas as disciplinas ligadas à prática ao como realizar, como as metodologias funciona para posteriormente vim o estágio.
O resultado dessa fragmentação é o choque ocasionado ante as demandas do cotidiano no momento em que os saberes construídos teoricamente não dão conta de responder a todas as questões que emergindo no dia-dia da escola. É nesse momento que si instaura a necessidade de buscar outros saberes que dê conta de responder as dúvidas que vão surgindo, e em um movimento de constante devir a pratica interroga a teoria, que posteriormente atualiza a prática. O que segundo eles não ser fácil uma vez que esse diálogo ente a teoria e a prática esta distante do plano concreto por serem concedidos como processos desvinculados um do outro.
E salientado a importância de se levar em conta durante formação a imprevisibilidade e a homogeneidade que estão presentes no cotidiano da escola, pois uma formação linearizada – do futuro professor – pode leva a o equivoco de acreditar que os métodos aprendidos durante o processo de formação irão dar conta das demandas de todas as turmas e todas as escolas. Pois cada sala, turma, aluno e também as relações estabelecidas tem peculiaridades que precisam ser desveladas durante o fazer pedagógico que é por sua vez cercado pela imprevisibilidade e pela heterogeneidade, características que estão presentes em todas as relações humanas.
A ausência de diálogo entre a teoria e a prática é apontada como entrave para formação docente, no momento em que o professor é confrontado por situações que exige conhecimentos que vão além dos que aprendeu durante seu processo de formação. Dentro da perspectiva de formação do professor-pesquisador, é almejada uma articulação entre o teórico-pratico-teoria, que tem por objetivo o fazer reflexivo, na qual a prática é a norteadora de toda ação pedagógica.
A implantação das atividades de pesquisa no currículo de pedagogia é justificada pela necessidade de levar o aluno e também os que já são professores a refletirem ao tempo que vivenciam o cotidiano escolar. Cujo principio gira em torno da ação e da reflexão, pra compor uma relação dialógica e dialética. E é nesse movimento de ação-reflexão-ação – práxis – que são travados os diálogos que sinalizam as demandas e também alternativas para resolver os questionamentos levantadas. Desse modo a prática é o ponto de partida, o indicador do caminho a percorrer, pois são nos momentos de ação que surgem os imprevistos e os desafios da ação pedagógica. Nesse momento a teoria, como é trazida pelos autores, precisa funcionar como uma lente, que possibilita o professor perceba o que está em seu entorno. Assim ao lançar não de uma teoria, ela será um sinalizador – não uma receita a ser seguida e aplicada sem nenhuma reflexão – do que precisa ser redimensionado na relação pedagógica. Desse modo fica claro o quanto a dicotomia existente entre o fazer e o pensar precisa ser superada ante a  complexidade e existentes no processo pedagógico.

                                                             

domingo, 27 de fevereiro de 2011



PIMENTEL, Selma Garrido e Lima, Maria Socorro Lucena Lima. Estágio e docência. São Paulo: Editora Cortez, 2004.

Algumas considerações acerca do estágio são tecidas como a finalidade de mostrar o quanto essa prática tem a contribuir como a formação docente bem de como sua identidade. Abordado como componente curricular, o estágio traz uma gama de elementos básicos para compreensão de nuances referente à formação docente o sentido da profissão, quem é o professor na sociedade atual, quais as condições de trabalho desses professores, quem são os alunos do ensino médio e fundamental, entre tantas outras questões que são levantadas durante o período de estágio. Desse modo o estágio pode ser uma possibilidade de afirmação ou refutação da profissão docente.
O estágio constitui-se em uma atividade obrigatória que segundo regimento passou de uma carga horária de 300 para 800 horas, que deverão ser cumpridas na fase final da formação docente. Outra questão relevante a sem mencionado diz respeito à pretensão de transformar o estágio em uma atividade meramente instrumental, desvinculada do projeto pedagógico do curso e a visão de muitos professores que por desconhecerem a dinâmica escolar vêem o estágio como uma atividade sem muito ou nenhum significado.
Os conhecimentos teóricos e metodológicos que são aprendidos durante o processo de formação docente têm por objetivo preparar o futuro estagiário para atuar em sala de aula bem como analisar, avaliar e criticar as questões que surgirão na sala de aula. E esses saberes que são aprendidos na universidade têm por finalidade dar subsídios para o exercício docente, o que deve funcionar como um intercâmbio, ou seja, como troca de saberes entre a universidade e a escola, escola e universidade. Assim o estágio é um momento de refletir a práxis docente para aqueles que ainda não são professores.
Mas o estágio também é um momento de choque, pois para muitos esse é o momento que encaram pela primeira vez a sala de aula como docente, e o impacto devem-se a discrepância entre o que é aprendido na universidade e a real demanda escolar – a relação teoria e prática. O estagiário ainda pode se deparar com professores insatisfeitos com a profissão e enfadados se lamenta das dificuldades e desafios vivenciados na sala de aula.
Para compreensão das relações que são estabelecidas entre universidade, estágio e escola Pimentel lança mão dos conceitos campos, habitus de Bourdieu. Para ele campo são todo espaço de dominação – universidade e a escola – que está munido de poder seja ele material ou simbólico sendo, pois o campo o local onde ocorrem os eventos – a escola – se constitui em um espaço propício à inserção do estagiário para conhecer suas condições, sua lógica, sua complexidade, sua prática, demandas e necessidades, ou seja, a conhecer de perto a escola como local que estão presentes as esferas política, econômica, social e cultural. Desse modo fica perceptível a complexidade que permeia o estágio, por está situado nas duas instâncias acima mencionadas. Já o habitus funciona como mediação entre o individuo e a prática social, como forma de favorecer a compreender a as práticas escolares, por estas estarem inseridas em um contexto sócio-cultural.   
A importância em conhecer a cultura na qual a escola está inserida deve-se à necessidade de contextualizar a prática pedagógica com o cotidiano dos estudantes, daí a importância de conhecer e analisar a conjuntura da escola, onde está localizada, quem são os seus alunos para então atuar de maneira critica e reflexiva ante as demandas educacionais e sociais.
 A identidade docente e o significado social do professor são elaborações que podem ser construídas durante o estágio uma vez que esse momento se configura num confronto entre teoria e prática, re-elaboração de saberes, conhecimento de como a categoria se articula, as mudanças educacionais ocorridas o que leva o aluno a refletir sobre sua formação, assim a escola e o estágio se constituem em momentos impares para formação docente.
O ensinar e aprender docente no período de estágio está permeado de características do projeto político-pedagógico como seus objetivos, interesses e preocupações formativas, além das marcas do professor orientador com seus métodos e práticas adotadas – o que para Zabala representa os valores e as ideias do que vem a ser ensinar e aprender para o professor que orienta a atividade de estágio –, entre outras.
A pesquisa se constitui como prática importante no estágio, pois é através desta que o estagiário e também o professor formador poderão rever suas ações novas possibilidades de ensino e aprendizagem e seus modos de compreender, de analisar e interpretar os fatos ocorridos nas atividades de estágio e essa interação e de fundamental importância, por se constituir em um momento de troca de experiências, o que favorece o crescimento e aperfeiçoamento tanto do estagiário quanto do professor formador. O que deixa de lado uma concepção de estágio como momento de coleta de dados, o que não impede o estagiário de ver essa ocasião como período de conquista, participação e negociação. Desse modo o estágio pode ser visto como momento de construção e aperfeiçoamento de saberes que estão pautamos na reflexão e que estão estruturados da seguinte maneira: observação, problematização, investigação, analise e intervenção.







sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Conhecer é preciso

A escola em que estudei da alfabetização a 2° série do ensino fundamental I era uma escola municipal situada na zona rural do município de Maracás, de porte pequeno e estrutura precária, contava apenas com duas salas de aula, porém uma nunca foi utilizada por falta de professor, não tinha biblioteca e os únicos funcionários da escola eram a professora e uma merendeira.  Era nessa única sala de aula eram atendidos todos os que ali estudavam desde a alfabetização a 4° série do ensino fundamental, ou seja, estudeava em uma classe multisseriada. Comecei a estudar com 06 anos de idade – ainda me lembro como foi o meu primeiro dia de aula, levei para escola um caderno pequeno, um lápis, uma borracha e uma cartilha “nosso livro didático”. Na primeira semana tudo era novidade, ia para casa na expectativa de voltar no dia seguinte, para aprender logo a ler e escrever. No percurso pra casa cada anuncio, panfleto ou placas era observado na tentativa de pronunciar algumas das letras que ali estavam registradas. Quando parece que tudo vira rotina é que começamos a observar as situações mais a fundo com o intuito de superar a mesmice, e isso foi o que aconteceu, pois comecei a notar que tinham crianças e adolescentes de varias idades na turma, que os que sabiam ler ganhava maior dedicação por parte da professora, como eu era extremamente tímida e não tinha coragem de perguntar ou mesmo pedir ajuda era mais fácil fingir que estava entendendo e pedir ajuda aos colegas ou ao meu irmão. Lembro bem que o método de alfabetização utilizado pela professora era a fônico, método de alfabetização que dá ênfase ao ensino dos sons das letras, consiste em primeiro descobrir o principio alfabetico partindo das correspondências, sons-letras, mais simples para as mais complexas e depois a combiná-las, pra então passar para o conhecimento ortografico. Para facilitar o seu trabalho a professora colocava no quadro de giz o alfabeto em letras cursivas – pois era assim que estava nas cartilhas – e pedia par que fossemos repetindo cada letra que fosse lida por ela, ao final individualmente o aluno deveria identificar cada letra que ia sendo apontada aleatório. Quando o alfabeto já havia se tornado familiar passos para silabação, semanas a fio soletrando a família de cada letra. A escrita ficava a cargo das lições da cartilha e do caderno de caligrafia. Somente quando comecei a ler palavras curtas e que as copias e leituras de pequenos textos passaram a fazer parte da minha rotina escolar. Embora minha família não cultivasse o habito da leitura eu sempre gostei de livros e revistas e sempre ganhava um desses artigos de pessoas que sabiam que eu gostava de manuseá-los, e isso me ajudou muito, pois essa era minha fonte de inspiração para estudar, pois queria saber o que cada livro e revista continham!  Assim minhas manhãs eram foliando revistas em quadrinho e livro do ensino fundamental II - que eram da minha Irmã. Foram três anos estudando nessa escola, da alfabetização a 2°serie do ensino fundamental I.

Para chegar onde sonhamos é preciso haver mudanças...

No ano de 1990, meus pais optaram por vim morara aqui em Jequié, dentre os motivos estava o desejo em nos manter estudando, já que onde morávamos os alunos do ensino fundamental I precisava viajar duas horas para estudar. Quando aqui chegamos fui matriculada na Escola Municipal Professora Adelaide Rodrigues Lima. Confesso que a empolgação foi grande ao saber que viria morara aqui, criei muitas expectativas com relação a escola, aos colegas aos professores. O primeiro dia foi assustador, pois estava acostumada com uma escola pequena e pacata e aos meus olhos aquela esse novo espaço era enorme tinha muita pois tinha muitos alunos e funcionários, os estudantes saiam atropelando uns aos outros no corredor, sem pedir licença ou até mesmo desculpas quando acontecia algum incidente. Ao entrar na sala me deparei com uma sala um tanto poluída visualmente, com desenhos e palavras escritas nas paredes, tudo muito diferente do que tinha deixado para trás. Talvez o maior choque que levei foi ver como os alunos se relacionam ente si e também com a professora, e não demorou muito par eu ser vitima do bullying praticado por alguns colegas de sala ao descobrirem que eu tinha vindo da zona rural.  Senti-me péssima, desanimada e descriminada ao ponto de afetar o desejo de ir a escola, e o por é que comecei  incorporar as ofensas e cheguei a considera-me menos inteligente que meus colegas, as vezes acreditava tanto no que eles me diziam que acabei incorporado uma visão determinista em relação a vida. Por ser muito observadora as circunstancias foram mudando, quando percebi que muitos dos meus colegas de sala não sabiam ler nem escrever e usei isso a meu favor, intensificava os estudava em casa para mostrar mesmo que eu sabia igual ou mais que eles, é assim desmistifiquei, sobretudo para mim mesma o fato de ser oriunda da zona rural não me fazia menos importante ou inteligente que os demais colegas. Ganhei muitos amigos, mas, também muitas inimizades, que ao longo do ano foram sendo modificadas no decorrer do tempo.

Para chegar onde sonhamos é preciso haver mudanças

No ano de 1990, meus pais optaram por vim morara aqui em Jequié, dentre os motivos estava o desejo em nos manter estudando, já que onde morávamos os alunos do ensino fundamental I precisava viajar duas horas para estudar. Quando aqui chegamos fui matriculada na Escola Municipal Professora Adelaide Rodrigues Lima. Confesso que a empolgação foi grande ao saber que viria morara aqui, criei muitas expectativas com relação a escola, aos colegas aos professores. O primeiro dia foi assustador, pois estava acostumada com uma escola pequena e pacata e aos meus olhos aquela esse novo espaço era enorme tinha muita pois tinha muitos alunos e funcionários, os estudantes saiam atropelando uns aos outros no corredor, sem pedir licença ou até mesmo desculpas quando acontecia algum incidente. Ao entrar na sala me deparei com uma sala um tanto poluída visualmente, com desenhos e palavras escritas nas paredes, tudo muito diferente do que tinha deixado para trás. Talvez o maior choque que levei foi ver como os alunos se relacionam ente si e também com a professora, e não demorou muito par eu ser vitima do bullying praticado por alguns colegas de sala ao descobrirem que eu tinha vindo da zona rural.  Senti-me péssima, desanimada e descriminada ao ponto de afetar o desejo de ir a escola, e o por é que comecei  incorporar as ofensas e cheguei a considera-me menos inteligente que meus colegas, as vezes acreditava tanto no que eles me diziam que acabei incorporado uma visão determinista em relação a vida. Por ser muito observadora as circunstancias foram mudando, quando percebi que muitos dos meus colegas de sala não sabiam ler nem escrever e usei isso a meu favor, intensificava os estudava em casa para mostrar mesmo que eu sabia igual ou mais que eles, é assim desmistifiquei, sobretudo para mim mesma o fato de ser oriunda da zona rural não me fazia menos importante ou inteligente que os demais colegas. Ganhei muitos amigos, mas, também muitas inimizades, que ao longo do ano foram sendo modificadas no decorrer do tempo.

Ensino Fundamental II

O ensino fundamental II estudei no IERP (Instituto de Educação Regis Pacheco), foram anos inesquecíveis, tanto no aspecto positivo quanto negativo, pois pude participar ativamente do meu processo educativo colhendo hoje os frutos dessas vivencias. O conhecimento construído, a postura de professores que se preocupavam não só com o conteúdo, mas também com a formação humana, que passavam entusiasmo e dedicação, deixaram marcas profundas que contribuíram decisivamente nas decisões que tomei. Não posso me esquecer também das gincanas, momentos de integração e de debates, as feiras de ciência... Espaço em que podemos mostrar nossa criatividade, através das salas temáticas e apresentações culturais. Esses momentos foram de grande valia para minha formação, pois me possibilitou abertura de portas a exemplo do teatro.  Deparei-me também com empecilhos que me ensinaram da forma mais cruel possível a superar o preconceito e a discriminação foi na figura de professores preconceituosos, arrogantes, descomprometidos, que vi o tipo de profissional que não almejo ser, esses episódios ficaram na lembrança não com forma de ressentimento, mas como modelo a não ser seguido ou mesmo imitado. As avaliações eram realizadas de forma, mas, sobretudo de forma pontual . Avaliação é aquela que ocorre de forma regular, continuamente, em sala de aula. Não sendo necessário chegar ao final de uma unidade para se fazer uma avaliação, ela ocorre durante todo o processo de ensino e aprendizagem. Já a avaliação pontual, se dá apenas ao final de algum trabalho ou unidade como, por exemplo, o caso de uma prova ao final de um período letivo ou de um período de recuperação.

Foi também no IERP que pude amargar na 7°serie a primeira e única prova final da minha vida, recuperação de matemática, conteúdo da prova, sistema do primeiro grau! Como chorei... O desespero foi tanto que minha mãe pensou até que tinha sido reprovada, tratei logo de tomar aula de reforço, e esse foram os dias que me fizeram perceber que não existe dificuldade que não possa ser superada, nem obstáculo que não possam ser vencidos quando se tem boa vontade e dedicação. Fiz a tão temida prova de recuperação e fui aprovada! Como reflexo desse episódio vieram as aulas de reforço de matemática que comecei a dar em casa, quando eu sabia o assunto cobrava pela aula quando não sabia estudava junto com o aluno de banca!  A partir dessa experiência posso dizer seguramente que tem erros que nos fazem crescer mais que os acertos, pois se fosse aprovada em todas as disciplinas como nos anos anteriores continuaria tendo pavor a matemática, por considerar a disciplina de difícil entendimento.  A empolgação foi tanta que o primeiro vestibular que prestei foi par matemática, me recompondo vi que meu lugar era na pedagogia.