sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Conhecer é preciso

A escola em que estudei da alfabetização a 2° série do ensino fundamental I era uma escola municipal situada na zona rural do município de Maracás, de porte pequeno e estrutura precária, contava apenas com duas salas de aula, porém uma nunca foi utilizada por falta de professor, não tinha biblioteca e os únicos funcionários da escola eram a professora e uma merendeira.  Era nessa única sala de aula eram atendidos todos os que ali estudavam desde a alfabetização a 4° série do ensino fundamental, ou seja, estudeava em uma classe multisseriada. Comecei a estudar com 06 anos de idade – ainda me lembro como foi o meu primeiro dia de aula, levei para escola um caderno pequeno, um lápis, uma borracha e uma cartilha “nosso livro didático”. Na primeira semana tudo era novidade, ia para casa na expectativa de voltar no dia seguinte, para aprender logo a ler e escrever. No percurso pra casa cada anuncio, panfleto ou placas era observado na tentativa de pronunciar algumas das letras que ali estavam registradas. Quando parece que tudo vira rotina é que começamos a observar as situações mais a fundo com o intuito de superar a mesmice, e isso foi o que aconteceu, pois comecei a notar que tinham crianças e adolescentes de varias idades na turma, que os que sabiam ler ganhava maior dedicação por parte da professora, como eu era extremamente tímida e não tinha coragem de perguntar ou mesmo pedir ajuda era mais fácil fingir que estava entendendo e pedir ajuda aos colegas ou ao meu irmão. Lembro bem que o método de alfabetização utilizado pela professora era a fônico, método de alfabetização que dá ênfase ao ensino dos sons das letras, consiste em primeiro descobrir o principio alfabetico partindo das correspondências, sons-letras, mais simples para as mais complexas e depois a combiná-las, pra então passar para o conhecimento ortografico. Para facilitar o seu trabalho a professora colocava no quadro de giz o alfabeto em letras cursivas – pois era assim que estava nas cartilhas – e pedia par que fossemos repetindo cada letra que fosse lida por ela, ao final individualmente o aluno deveria identificar cada letra que ia sendo apontada aleatório. Quando o alfabeto já havia se tornado familiar passos para silabação, semanas a fio soletrando a família de cada letra. A escrita ficava a cargo das lições da cartilha e do caderno de caligrafia. Somente quando comecei a ler palavras curtas e que as copias e leituras de pequenos textos passaram a fazer parte da minha rotina escolar. Embora minha família não cultivasse o habito da leitura eu sempre gostei de livros e revistas e sempre ganhava um desses artigos de pessoas que sabiam que eu gostava de manuseá-los, e isso me ajudou muito, pois essa era minha fonte de inspiração para estudar, pois queria saber o que cada livro e revista continham!  Assim minhas manhãs eram foliando revistas em quadrinho e livro do ensino fundamental II - que eram da minha Irmã. Foram três anos estudando nessa escola, da alfabetização a 2°serie do ensino fundamental I.

Um comentário:

  1. Luciene,

    Que narrativa implicada e fundamentada. Você trouxe excelentes reflexões sobre a sua trajetória escolar, articulando-os aos saberes curriculares do curso de Pedagogia. Muito bom mesmo.

    Parabéns!

    Socorro

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