sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A caminho da prática e da experiência para construção dos saberes pedagógicos

E esse dia chegou! E não sabia que essa experiência se tornaria minha paixão, paixão esta que vem sendo alimentada até os dias de hoje. Refiro-me a EJA (Educação de Jovens e Adultos), que aprendia a gostar ainda mais quando tive a disciplina Educação de Jovens e Adultos no quinto semestre. A primeira experiência como professora  foi com educadora do programa Re-aprender, foram momentos que vislumbrei um novo mundo que se abria para mim, um universo formado por pessoas que já tinham uma idade avançada, que mesmo assim se abriam para o conhecimento e partilha de sua vida, experiências, anseios e curiosidades. Foi muito gratificante trabalhar com a EJA, pois sentia por parte deles a valorização do saber, mas também me sentia valorizada por eles. Acredito que para nos tornarmos o que queremos ser temos que experimentar, conhecer, descobrir como fazer! E essa sala de aula no Km03 foi um verdadeiro laboratório, em que rompi com a vergonha de falar em publico, de expor minhas ideias, de propor algo, de aprender a alfabetizar. Não foi fácil, mesmo com a formação continuada que acontecia, esperava desses momentos de formação a formula de como ensinar. Terminei o estágio com a sensação de que precisaria de no mínimo mais um ano de estágio para dar cota das demandas dos alunos e me adequar ao desafio de ser professora. Posteriormente estagiei no Colégio Estadual Professor Firmo Nunes de Oliveira, que fica localizado no bairro do Joaquim Romão com uma turma de 2° serie do fundamental I. Meu primeiro contato com os alunos foi chocante, pois estava acostumada com a turma da EJA, tudo muito calmo! É ate difícil falar da turma... Meu desespero foi tanto que ao entrar na sala, me deparei criança brigando, chorando, xingando, estava meio a um fogo cruzado, e o meu desejo era um só me proteger e fugir. Cheguei em casa mal em todos os aspectos imagináveis, decepcionada com a sala, com a escola e com minha escolha profissional. Pense, pensei... Voltar ou não a escola? Eis a questão! Nesse turbilhão de pensamentos e indagações não consegui me vê fora do contexto escolar, percebi que sem desafios o que está posto se institui como verdades. Desfiei-me a ficar até o final do ano letivo na escola. As confusões em sala não terminaram os xingamentos também não, mas pude de acordo com a realidade deles trabalhar essas questões entre tantas outras que faziam parte do cotidiano deles, como trabalho infantil, drogas, bullying, etc. ao término do trabalho percebi que não existe uma formula de como dar aula, que cada realidade tem suas necessidades e demandas, e que por isso precisamos estar abertos a mudança e quebra de paradigmas. Minha ultima experiência em sala foi no Colégio Municipal Professora Alíria Argolo Pereira. Fiquei na escola por seis meses, lecionava em uma turma de alunos de 1° a 4° do fundamental I com idades entre 09 a 16 anos que não sabiam ler e escrever ou tinham dificuldade na leitura e na escrita que estavam matriculados no projeto Ler Mais da Prefeitura Municipal de Jequié. O desfio foi muito maior, pois cada aluno estava em um estágio de desenvolvimento diferente, os interesses não eram os mesmos. E isso se tornou um empecilho no momento de pensar nas atividades de pensar numa aula, pois era necessário abarcar todos os alunos dentro de uma mesma temática. Tinha semana que tudo ia muito bem, todos participavam, comentavam e se mostravam abertos para aprender.  Enquanto que em outra o rendimento da sala era mínimo. Analisando esses momentos de oscilação cheguei a conclusão de que trabalhar somente o conteúdo sem contextualizar com a turma não surtiria o efeito desejado, assim comecei a trabalhar temas que estavam diretamente ligados a realidade deles. Acho que demorei demais para tomar essa decisão devido as recomendações que me foram dadas pela professora anterior, pois segundo ela deveria me ater somente as operações matemáticas e a leitura e escrita, ou seja aos requisitos básicos para passarem a serie seguinte. Mesmo tendo coordenação pedagógica senti falta de alguém para acompanhar mais de perto o que era feito em sala. Pois queria saber quais foram os erros e acerto, o que poderia fazer para melhorar ou mesmo mudar em minhas ações como docente.

Um comentário:

  1. Oi querida,

    Suas reflexões retratam o choque com a realidade na formação inicial. È o momento onde o futuro docente começa a desvendas os problemas da escola, para muito além das teorias debatidas na universidade. È um momento fundamental de reflexão e da ajuda de um professor experiente.

    Socorro

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