PIMENTEL, Selma Garrido e Lima, Maria Socorro Lucena Lima. Estágio e docência. São Paulo: Editora Cortez, 2004.
Algumas considerações acerca do estágio são tecidas como a finalidade de mostrar o quanto essa prática tem a contribuir como a formação docente bem de como sua identidade. Abordado como componente curricular, o estágio traz uma gama de elementos básicos para compreensão de nuances referente à formação docente o sentido da profissão, quem é o professor na sociedade atual, quais as condições de trabalho desses professores, quem são os alunos do ensino médio e fundamental, entre tantas outras questões que são levantadas durante o período de estágio. Desse modo o estágio pode ser uma possibilidade de afirmação ou refutação da profissão docente.
O estágio constitui-se em uma atividade obrigatória que segundo regimento passou de uma carga horária de 300 para 800 horas, que deverão ser cumpridas na fase final da formação docente. Outra questão relevante a sem mencionado diz respeito à pretensão de transformar o estágio em uma atividade meramente instrumental, desvinculada do projeto pedagógico do curso e a visão de muitos professores que por desconhecerem a dinâmica escolar vêem o estágio como uma atividade sem muito ou nenhum significado.
Os conhecimentos teóricos e metodológicos que são aprendidos durante o processo de formação docente têm por objetivo preparar o futuro estagiário para atuar em sala de aula bem como analisar, avaliar e criticar as questões que surgirão na sala de aula. E esses saberes que são aprendidos na universidade têm por finalidade dar subsídios para o exercício docente, o que deve funcionar como um intercâmbio, ou seja, como troca de saberes entre a universidade e a escola, escola e universidade. Assim o estágio é um momento de refletir a práxis docente para aqueles que ainda não são professores.
Mas o estágio também é um momento de choque, pois para muitos esse é o momento que encaram pela primeira vez a sala de aula como docente, e o impacto devem-se a discrepância entre o que é aprendido na universidade e a real demanda escolar – a relação teoria e prática. O estagiário ainda pode se deparar com professores insatisfeitos com a profissão e enfadados se lamenta das dificuldades e desafios vivenciados na sala de aula.
Para compreensão das relações que são estabelecidas entre universidade, estágio e escola Pimentel lança mão dos conceitos campos, habitus de Bourdieu. Para ele campo são todo espaço de dominação – universidade e a escola – que está munido de poder seja ele material ou simbólico sendo, pois o campo o local onde ocorrem os eventos – a escola – se constitui em um espaço propício à inserção do estagiário para conhecer suas condições, sua lógica, sua complexidade, sua prática, demandas e necessidades, ou seja, a conhecer de perto a escola como local que estão presentes as esferas política, econômica, social e cultural. Desse modo fica perceptível a complexidade que permeia o estágio, por está situado nas duas instâncias acima mencionadas. Já o habitus funciona como mediação entre o individuo e a prática social, como forma de favorecer a compreender a as práticas escolares, por estas estarem inseridas em um contexto sócio-cultural.
A importância em conhecer a cultura na qual a escola está inserida deve-se à necessidade de contextualizar a prática pedagógica com o cotidiano dos estudantes, daí a importância de conhecer e analisar a conjuntura da escola, onde está localizada, quem são os seus alunos para então atuar de maneira critica e reflexiva ante as demandas educacionais e sociais.
A identidade docente e o significado social do professor são elaborações que podem ser construídas durante o estágio uma vez que esse momento se configura num confronto entre teoria e prática, re-elaboração de saberes, conhecimento de como a categoria se articula, as mudanças educacionais ocorridas o que leva o aluno a refletir sobre sua formação, assim a escola e o estágio se constituem em momentos impares para formação docente.
O ensinar e aprender docente no período de estágio está permeado de características do projeto político-pedagógico como seus objetivos, interesses e preocupações formativas, além das marcas do professor orientador com seus métodos e práticas adotadas – o que para Zabala representa os valores e as ideias do que vem a ser ensinar e aprender para o professor que orienta a atividade de estágio –, entre outras.
A pesquisa se constitui como prática importante no estágio, pois é através desta que o estagiário e também o professor formador poderão rever suas ações novas possibilidades de ensino e aprendizagem e seus modos de compreender, de analisar e interpretar os fatos ocorridos nas atividades de estágio e essa interação e de fundamental importância, por se constituir em um momento de troca de experiências, o que favorece o crescimento e aperfeiçoamento tanto do estagiário quanto do professor formador. O que deixa de lado uma concepção de estágio como momento de coleta de dados, o que não impede o estagiário de ver essa ocasião como período de conquista, participação e negociação. Desse modo o estágio pode ser visto como momento de construção e aperfeiçoamento de saberes que estão pautamos na reflexão e que estão estruturados da seguinte maneira: observação, problematização, investigação, analise e intervenção.