domingo, 27 de fevereiro de 2011



PIMENTEL, Selma Garrido e Lima, Maria Socorro Lucena Lima. Estágio e docência. São Paulo: Editora Cortez, 2004.

Algumas considerações acerca do estágio são tecidas como a finalidade de mostrar o quanto essa prática tem a contribuir como a formação docente bem de como sua identidade. Abordado como componente curricular, o estágio traz uma gama de elementos básicos para compreensão de nuances referente à formação docente o sentido da profissão, quem é o professor na sociedade atual, quais as condições de trabalho desses professores, quem são os alunos do ensino médio e fundamental, entre tantas outras questões que são levantadas durante o período de estágio. Desse modo o estágio pode ser uma possibilidade de afirmação ou refutação da profissão docente.
O estágio constitui-se em uma atividade obrigatória que segundo regimento passou de uma carga horária de 300 para 800 horas, que deverão ser cumpridas na fase final da formação docente. Outra questão relevante a sem mencionado diz respeito à pretensão de transformar o estágio em uma atividade meramente instrumental, desvinculada do projeto pedagógico do curso e a visão de muitos professores que por desconhecerem a dinâmica escolar vêem o estágio como uma atividade sem muito ou nenhum significado.
Os conhecimentos teóricos e metodológicos que são aprendidos durante o processo de formação docente têm por objetivo preparar o futuro estagiário para atuar em sala de aula bem como analisar, avaliar e criticar as questões que surgirão na sala de aula. E esses saberes que são aprendidos na universidade têm por finalidade dar subsídios para o exercício docente, o que deve funcionar como um intercâmbio, ou seja, como troca de saberes entre a universidade e a escola, escola e universidade. Assim o estágio é um momento de refletir a práxis docente para aqueles que ainda não são professores.
Mas o estágio também é um momento de choque, pois para muitos esse é o momento que encaram pela primeira vez a sala de aula como docente, e o impacto devem-se a discrepância entre o que é aprendido na universidade e a real demanda escolar – a relação teoria e prática. O estagiário ainda pode se deparar com professores insatisfeitos com a profissão e enfadados se lamenta das dificuldades e desafios vivenciados na sala de aula.
Para compreensão das relações que são estabelecidas entre universidade, estágio e escola Pimentel lança mão dos conceitos campos, habitus de Bourdieu. Para ele campo são todo espaço de dominação – universidade e a escola – que está munido de poder seja ele material ou simbólico sendo, pois o campo o local onde ocorrem os eventos – a escola – se constitui em um espaço propício à inserção do estagiário para conhecer suas condições, sua lógica, sua complexidade, sua prática, demandas e necessidades, ou seja, a conhecer de perto a escola como local que estão presentes as esferas política, econômica, social e cultural. Desse modo fica perceptível a complexidade que permeia o estágio, por está situado nas duas instâncias acima mencionadas. Já o habitus funciona como mediação entre o individuo e a prática social, como forma de favorecer a compreender a as práticas escolares, por estas estarem inseridas em um contexto sócio-cultural.   
A importância em conhecer a cultura na qual a escola está inserida deve-se à necessidade de contextualizar a prática pedagógica com o cotidiano dos estudantes, daí a importância de conhecer e analisar a conjuntura da escola, onde está localizada, quem são os seus alunos para então atuar de maneira critica e reflexiva ante as demandas educacionais e sociais.
 A identidade docente e o significado social do professor são elaborações que podem ser construídas durante o estágio uma vez que esse momento se configura num confronto entre teoria e prática, re-elaboração de saberes, conhecimento de como a categoria se articula, as mudanças educacionais ocorridas o que leva o aluno a refletir sobre sua formação, assim a escola e o estágio se constituem em momentos impares para formação docente.
O ensinar e aprender docente no período de estágio está permeado de características do projeto político-pedagógico como seus objetivos, interesses e preocupações formativas, além das marcas do professor orientador com seus métodos e práticas adotadas – o que para Zabala representa os valores e as ideias do que vem a ser ensinar e aprender para o professor que orienta a atividade de estágio –, entre outras.
A pesquisa se constitui como prática importante no estágio, pois é através desta que o estagiário e também o professor formador poderão rever suas ações novas possibilidades de ensino e aprendizagem e seus modos de compreender, de analisar e interpretar os fatos ocorridos nas atividades de estágio e essa interação e de fundamental importância, por se constituir em um momento de troca de experiências, o que favorece o crescimento e aperfeiçoamento tanto do estagiário quanto do professor formador. O que deixa de lado uma concepção de estágio como momento de coleta de dados, o que não impede o estagiário de ver essa ocasião como período de conquista, participação e negociação. Desse modo o estágio pode ser visto como momento de construção e aperfeiçoamento de saberes que estão pautamos na reflexão e que estão estruturados da seguinte maneira: observação, problematização, investigação, analise e intervenção.







sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Conhecer é preciso

A escola em que estudei da alfabetização a 2° série do ensino fundamental I era uma escola municipal situada na zona rural do município de Maracás, de porte pequeno e estrutura precária, contava apenas com duas salas de aula, porém uma nunca foi utilizada por falta de professor, não tinha biblioteca e os únicos funcionários da escola eram a professora e uma merendeira.  Era nessa única sala de aula eram atendidos todos os que ali estudavam desde a alfabetização a 4° série do ensino fundamental, ou seja, estudeava em uma classe multisseriada. Comecei a estudar com 06 anos de idade – ainda me lembro como foi o meu primeiro dia de aula, levei para escola um caderno pequeno, um lápis, uma borracha e uma cartilha “nosso livro didático”. Na primeira semana tudo era novidade, ia para casa na expectativa de voltar no dia seguinte, para aprender logo a ler e escrever. No percurso pra casa cada anuncio, panfleto ou placas era observado na tentativa de pronunciar algumas das letras que ali estavam registradas. Quando parece que tudo vira rotina é que começamos a observar as situações mais a fundo com o intuito de superar a mesmice, e isso foi o que aconteceu, pois comecei a notar que tinham crianças e adolescentes de varias idades na turma, que os que sabiam ler ganhava maior dedicação por parte da professora, como eu era extremamente tímida e não tinha coragem de perguntar ou mesmo pedir ajuda era mais fácil fingir que estava entendendo e pedir ajuda aos colegas ou ao meu irmão. Lembro bem que o método de alfabetização utilizado pela professora era a fônico, método de alfabetização que dá ênfase ao ensino dos sons das letras, consiste em primeiro descobrir o principio alfabetico partindo das correspondências, sons-letras, mais simples para as mais complexas e depois a combiná-las, pra então passar para o conhecimento ortografico. Para facilitar o seu trabalho a professora colocava no quadro de giz o alfabeto em letras cursivas – pois era assim que estava nas cartilhas – e pedia par que fossemos repetindo cada letra que fosse lida por ela, ao final individualmente o aluno deveria identificar cada letra que ia sendo apontada aleatório. Quando o alfabeto já havia se tornado familiar passos para silabação, semanas a fio soletrando a família de cada letra. A escrita ficava a cargo das lições da cartilha e do caderno de caligrafia. Somente quando comecei a ler palavras curtas e que as copias e leituras de pequenos textos passaram a fazer parte da minha rotina escolar. Embora minha família não cultivasse o habito da leitura eu sempre gostei de livros e revistas e sempre ganhava um desses artigos de pessoas que sabiam que eu gostava de manuseá-los, e isso me ajudou muito, pois essa era minha fonte de inspiração para estudar, pois queria saber o que cada livro e revista continham!  Assim minhas manhãs eram foliando revistas em quadrinho e livro do ensino fundamental II - que eram da minha Irmã. Foram três anos estudando nessa escola, da alfabetização a 2°serie do ensino fundamental I.

Para chegar onde sonhamos é preciso haver mudanças...

No ano de 1990, meus pais optaram por vim morara aqui em Jequié, dentre os motivos estava o desejo em nos manter estudando, já que onde morávamos os alunos do ensino fundamental I precisava viajar duas horas para estudar. Quando aqui chegamos fui matriculada na Escola Municipal Professora Adelaide Rodrigues Lima. Confesso que a empolgação foi grande ao saber que viria morara aqui, criei muitas expectativas com relação a escola, aos colegas aos professores. O primeiro dia foi assustador, pois estava acostumada com uma escola pequena e pacata e aos meus olhos aquela esse novo espaço era enorme tinha muita pois tinha muitos alunos e funcionários, os estudantes saiam atropelando uns aos outros no corredor, sem pedir licença ou até mesmo desculpas quando acontecia algum incidente. Ao entrar na sala me deparei com uma sala um tanto poluída visualmente, com desenhos e palavras escritas nas paredes, tudo muito diferente do que tinha deixado para trás. Talvez o maior choque que levei foi ver como os alunos se relacionam ente si e também com a professora, e não demorou muito par eu ser vitima do bullying praticado por alguns colegas de sala ao descobrirem que eu tinha vindo da zona rural.  Senti-me péssima, desanimada e descriminada ao ponto de afetar o desejo de ir a escola, e o por é que comecei  incorporar as ofensas e cheguei a considera-me menos inteligente que meus colegas, as vezes acreditava tanto no que eles me diziam que acabei incorporado uma visão determinista em relação a vida. Por ser muito observadora as circunstancias foram mudando, quando percebi que muitos dos meus colegas de sala não sabiam ler nem escrever e usei isso a meu favor, intensificava os estudava em casa para mostrar mesmo que eu sabia igual ou mais que eles, é assim desmistifiquei, sobretudo para mim mesma o fato de ser oriunda da zona rural não me fazia menos importante ou inteligente que os demais colegas. Ganhei muitos amigos, mas, também muitas inimizades, que ao longo do ano foram sendo modificadas no decorrer do tempo.

Para chegar onde sonhamos é preciso haver mudanças

No ano de 1990, meus pais optaram por vim morara aqui em Jequié, dentre os motivos estava o desejo em nos manter estudando, já que onde morávamos os alunos do ensino fundamental I precisava viajar duas horas para estudar. Quando aqui chegamos fui matriculada na Escola Municipal Professora Adelaide Rodrigues Lima. Confesso que a empolgação foi grande ao saber que viria morara aqui, criei muitas expectativas com relação a escola, aos colegas aos professores. O primeiro dia foi assustador, pois estava acostumada com uma escola pequena e pacata e aos meus olhos aquela esse novo espaço era enorme tinha muita pois tinha muitos alunos e funcionários, os estudantes saiam atropelando uns aos outros no corredor, sem pedir licença ou até mesmo desculpas quando acontecia algum incidente. Ao entrar na sala me deparei com uma sala um tanto poluída visualmente, com desenhos e palavras escritas nas paredes, tudo muito diferente do que tinha deixado para trás. Talvez o maior choque que levei foi ver como os alunos se relacionam ente si e também com a professora, e não demorou muito par eu ser vitima do bullying praticado por alguns colegas de sala ao descobrirem que eu tinha vindo da zona rural.  Senti-me péssima, desanimada e descriminada ao ponto de afetar o desejo de ir a escola, e o por é que comecei  incorporar as ofensas e cheguei a considera-me menos inteligente que meus colegas, as vezes acreditava tanto no que eles me diziam que acabei incorporado uma visão determinista em relação a vida. Por ser muito observadora as circunstancias foram mudando, quando percebi que muitos dos meus colegas de sala não sabiam ler nem escrever e usei isso a meu favor, intensificava os estudava em casa para mostrar mesmo que eu sabia igual ou mais que eles, é assim desmistifiquei, sobretudo para mim mesma o fato de ser oriunda da zona rural não me fazia menos importante ou inteligente que os demais colegas. Ganhei muitos amigos, mas, também muitas inimizades, que ao longo do ano foram sendo modificadas no decorrer do tempo.

Ensino Fundamental II

O ensino fundamental II estudei no IERP (Instituto de Educação Regis Pacheco), foram anos inesquecíveis, tanto no aspecto positivo quanto negativo, pois pude participar ativamente do meu processo educativo colhendo hoje os frutos dessas vivencias. O conhecimento construído, a postura de professores que se preocupavam não só com o conteúdo, mas também com a formação humana, que passavam entusiasmo e dedicação, deixaram marcas profundas que contribuíram decisivamente nas decisões que tomei. Não posso me esquecer também das gincanas, momentos de integração e de debates, as feiras de ciência... Espaço em que podemos mostrar nossa criatividade, através das salas temáticas e apresentações culturais. Esses momentos foram de grande valia para minha formação, pois me possibilitou abertura de portas a exemplo do teatro.  Deparei-me também com empecilhos que me ensinaram da forma mais cruel possível a superar o preconceito e a discriminação foi na figura de professores preconceituosos, arrogantes, descomprometidos, que vi o tipo de profissional que não almejo ser, esses episódios ficaram na lembrança não com forma de ressentimento, mas como modelo a não ser seguido ou mesmo imitado. As avaliações eram realizadas de forma, mas, sobretudo de forma pontual . Avaliação é aquela que ocorre de forma regular, continuamente, em sala de aula. Não sendo necessário chegar ao final de uma unidade para se fazer uma avaliação, ela ocorre durante todo o processo de ensino e aprendizagem. Já a avaliação pontual, se dá apenas ao final de algum trabalho ou unidade como, por exemplo, o caso de uma prova ao final de um período letivo ou de um período de recuperação.

Foi também no IERP que pude amargar na 7°serie a primeira e única prova final da minha vida, recuperação de matemática, conteúdo da prova, sistema do primeiro grau! Como chorei... O desespero foi tanto que minha mãe pensou até que tinha sido reprovada, tratei logo de tomar aula de reforço, e esse foram os dias que me fizeram perceber que não existe dificuldade que não possa ser superada, nem obstáculo que não possam ser vencidos quando se tem boa vontade e dedicação. Fiz a tão temida prova de recuperação e fui aprovada! Como reflexo desse episódio vieram as aulas de reforço de matemática que comecei a dar em casa, quando eu sabia o assunto cobrava pela aula quando não sabia estudava junto com o aluno de banca!  A partir dessa experiência posso dizer seguramente que tem erros que nos fazem crescer mais que os acertos, pois se fosse aprovada em todas as disciplinas como nos anos anteriores continuaria tendo pavor a matemática, por considerar a disciplina de difícil entendimento.  A empolgação foi tanta que o primeiro vestibular que prestei foi par matemática, me recompondo vi que meu lugar era na pedagogia.  

Ensino Médio

No ensino fui estudar no Colégio Estadual Governador Luiz Viana Filho estudei inicialmente no turno matutino, já quanto aos dois últimos anos estudei no turno noturno. Optei por estudar no noturno por esta trabalhando durante o dia, não foi uma escolha fácil, pois me senti obrigada não pela minha família, mais por mim mesma por já está com 18 anos e também por essa ter sido uma época muito difícil – meu pai estava doente e teve que se afastar do trabalho – e eu acreditava que estudando a noite eu poderia contribuir não só financeiramente, mas também passando a imagem de independência - é como se fazendo isso eu estava querendo dizer: “meu pai pode cuidar da sua saúde, se preocupe só com você porque já sei cuidar de mim” – embora contrariasse a vontade de meus pais o fato de estudar a noite. E eles tinham razão, pois nesse período que estudei a noite estudava mesmo só par obter uma nota, em casa pouco li livros paradidáticos como era acostumada a fazer. Mesmo estando no último ano do ensino médio poucos ou nenhum estimulo tive tanto por parte de minha família quanto do colégio da necessidade e importância de ingressar no nível superior. Terminei o ensino médio, parei de estudar formalmente, além de não ter perspectiva alguma de ingressar em uma universidade não por falta de capacidade, mas por não saber como se dava esse processo seletivo.

Para alcançar é preciso acredita...

Passaram-se cinco anos até que fiz o primeiro vestibular, para tanto estudava em casa e fazia um cursinho que era oferecido pela prefeitura, as dificuldades em acompanhar os conteúdos não foram muitas graças as aulas de reforço escolar que eu dava em casa. Embora não tenha passado não me senti abatida ou mesma desanimada, tentava conciliar o meu trabalho e os estudos, vi que seria difícil dar conta, mas mesmo assim continuei estudando em casa e trabalhando no comércio. Com o passar do tempo percebi que não queria passar minha vida trabalhando no comercio sem nenhuma perspectiva de melhoria e crescimento - sempre me vinha a mente as palavras do meu pai “estuda, pois essa é a única coisa que posso te oferecer e que ninguém poderá tirara de você” – só que para conseguir realizar o que desejava precisava trabalhar para pagar um cursinho, pedi orientação a Deus. Teve uma palavra que me sustentou e deu força para prosseguir em busca do meu sonho, “se sou fiel no pouco Ele me confiara muito mais”, e crendo que para chegar onde eu queria teria que passar por lutas aceitei trabalhar durante um ano em uma casa para poder pagar o meu cursinho, assim trabalhava durante o dia e a noite fazia cursinho no Expert . Confesso que foi difícil, mas também posso dizer que valeu a pena. E essa conquista não foi uma luta somente minha, mas de todos que acreditaram em mim, que me apoiaram amigos e familiares. Desses dias de luta vieram os dias de glória que pude dividir com todos aqueles que amo, o que me entretece nisso tudo é o fato de lembrar que uma das maiores pessoas que mais me incentivou a estudar e também responsável de eu está aqui hoje não pode estar comigo para celebrar e se alegra comigo. A ele meus eternos agradecimentos! (Meu pai).

Do sonho a realidade...

A minha escolha pela pedagogia vem desde a infância, pois brincar de professora era algo que gostava, e o legal era que as outras crianças que iam brincar levavam as tarefas que vinham da escola para serem respondidas, assim acreditava que era uma professora de verdade. Empolgação não faltava na minha “sala de aula”, tinha quadro de giz, decoração nas paredes da varanda, horário de merendar e brincadeiras. Minha postura como professora era um tanto autoritária, achava que ser professora residia basicamente em mandar e os alunos obedecer. A cada ano ia adequando, ou melhor, imitando os professores que tinha. Mas essa brincadeirinha de faz de conta se tornou realidade ao passar no vestibular para pedagogia.  Inicialmente o curso me pareceu encantador, as disciplinas ligadas ao comportamento e relações humanas foram as que mais me identifiquei, disciplinas  aguçaram os meus sentidos e também causou muitas inquietações. Foi interessante notar o quanto fui ingênua durante o meu processo de ensino-aprendizagem ao enxergar o professor como o único detentor de conhecimento na sala de aula. Durante as aulas a minha mente viajava, era como se ficasse passando um filmezinho do meu passado como estudante de como fui “vitima” de professores que pouco se importava com a formação humana tinha o conteúdo como principal e as vezes único saber a ser transmitido. A cada semestres novas descobertas, mas também a angustia, a curiosidade e a ansiedade tomavam ocupavam meus pensamentos pois sabia que estava se  estava cada vez mais o momento de entrar em uma sala de aula não mais como aluna, mas como professora.

A caminho da prática e da experiência para construção dos saberes pedagógicos

E esse dia chegou! E não sabia que essa experiência se tornaria minha paixão, paixão esta que vem sendo alimentada até os dias de hoje. Refiro-me a EJA (Educação de Jovens e Adultos), que aprendia a gostar ainda mais quando tive a disciplina Educação de Jovens e Adultos no quinto semestre. A primeira experiência como professora  foi com educadora do programa Re-aprender, foram momentos que vislumbrei um novo mundo que se abria para mim, um universo formado por pessoas que já tinham uma idade avançada, que mesmo assim se abriam para o conhecimento e partilha de sua vida, experiências, anseios e curiosidades. Foi muito gratificante trabalhar com a EJA, pois sentia por parte deles a valorização do saber, mas também me sentia valorizada por eles. Acredito que para nos tornarmos o que queremos ser temos que experimentar, conhecer, descobrir como fazer! E essa sala de aula no Km03 foi um verdadeiro laboratório, em que rompi com a vergonha de falar em publico, de expor minhas ideias, de propor algo, de aprender a alfabetizar. Não foi fácil, mesmo com a formação continuada que acontecia, esperava desses momentos de formação a formula de como ensinar. Terminei o estágio com a sensação de que precisaria de no mínimo mais um ano de estágio para dar cota das demandas dos alunos e me adequar ao desafio de ser professora. Posteriormente estagiei no Colégio Estadual Professor Firmo Nunes de Oliveira, que fica localizado no bairro do Joaquim Romão com uma turma de 2° serie do fundamental I. Meu primeiro contato com os alunos foi chocante, pois estava acostumada com a turma da EJA, tudo muito calmo! É ate difícil falar da turma... Meu desespero foi tanto que ao entrar na sala, me deparei criança brigando, chorando, xingando, estava meio a um fogo cruzado, e o meu desejo era um só me proteger e fugir. Cheguei em casa mal em todos os aspectos imagináveis, decepcionada com a sala, com a escola e com minha escolha profissional. Pense, pensei... Voltar ou não a escola? Eis a questão! Nesse turbilhão de pensamentos e indagações não consegui me vê fora do contexto escolar, percebi que sem desafios o que está posto se institui como verdades. Desfiei-me a ficar até o final do ano letivo na escola. As confusões em sala não terminaram os xingamentos também não, mas pude de acordo com a realidade deles trabalhar essas questões entre tantas outras que faziam parte do cotidiano deles, como trabalho infantil, drogas, bullying, etc. ao término do trabalho percebi que não existe uma formula de como dar aula, que cada realidade tem suas necessidades e demandas, e que por isso precisamos estar abertos a mudança e quebra de paradigmas. Minha ultima experiência em sala foi no Colégio Municipal Professora Alíria Argolo Pereira. Fiquei na escola por seis meses, lecionava em uma turma de alunos de 1° a 4° do fundamental I com idades entre 09 a 16 anos que não sabiam ler e escrever ou tinham dificuldade na leitura e na escrita que estavam matriculados no projeto Ler Mais da Prefeitura Municipal de Jequié. O desfio foi muito maior, pois cada aluno estava em um estágio de desenvolvimento diferente, os interesses não eram os mesmos. E isso se tornou um empecilho no momento de pensar nas atividades de pensar numa aula, pois era necessário abarcar todos os alunos dentro de uma mesma temática. Tinha semana que tudo ia muito bem, todos participavam, comentavam e se mostravam abertos para aprender.  Enquanto que em outra o rendimento da sala era mínimo. Analisando esses momentos de oscilação cheguei a conclusão de que trabalhar somente o conteúdo sem contextualizar com a turma não surtiria o efeito desejado, assim comecei a trabalhar temas que estavam diretamente ligados a realidade deles. Acho que demorei demais para tomar essa decisão devido as recomendações que me foram dadas pela professora anterior, pois segundo ela deveria me ater somente as operações matemáticas e a leitura e escrita, ou seja aos requisitos básicos para passarem a serie seguinte. Mesmo tendo coordenação pedagógica senti falta de alguém para acompanhar mais de perto o que era feito em sala. Pois queria saber quais foram os erros e acerto, o que poderia fazer para melhorar ou mesmo mudar em minhas ações como docente.

O caminho se faz caminhando

Creio que a formação docente não se da apenas no ambiente da sala de aula como estudante de pedagogia e nos estágios, sejam eles obrigatórios ou não. Acredito que precisamos conhecer a dinâmica que cerca o contexto educacional, e para ampliar minha visão com relação a escola e seus condicionantes passei a fazer parte do ser membro Grupo de Estudos sobre Políticas e Gestão Educacional – GEPGE vinculado a UESB e coordenado pelo professor Ubirajara Lima, cujas discussões giram em torno de reflexões sobre a gestão democrática no contexto escolar, políticas públicas em educação, a importância dos  conselhos escolares, esses são alguns dos temas que temos aprofundado durante os momentos de estudo.
Outro momento que estou vivenciando é o PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, estou vinculada ao subprojeto ”O processo formativo do pedagogo e a escola de educação básica: microrrede ensino/aprendizagem/formação” que é pela CAPES financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Estão sendo momentos de estudo, descobertas, erros e acertos. Estamos juntos por meio da pesquisa etnográfica conhecendo e vivenciando o chão da escola.